Prejuízo, dívidas e comércio fraco: os impactos das apostas na economia
- Economia Essencial
- 29 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de out. de 2024
Pesquisas recentes destacam os primeiros impactos do crescimento acelerado das apostas online na economia brasileira. Nos últimos quatro anos, o volume de dinheiro movimentado pelos brasileiros em jogos online praticamente dobrou, alcançando R$ 68,2 bilhões em 12 meses.
Esse montante equivale a 0,62% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, 0,95% do consumo total e 1,92% da massa salarial nacional, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). A transferência desse valor para o mercado de apostas está começando a modificar a dinâmica econômica do país.
De acordo com a consultoria Strategy&, os gastos com apostas já representam 76% das despesas das classes D e E em "lazer e cultura", demonstrando que essa parcela da população está substituindo atividades como cinema e teatro por apostas. Além disso, 5% das despesas com alimentação das famílias mais pobres estão sendo redirecionadas para jogos de azar, representando 1,38% do orçamento familiar dessas classes.
Os efeitos desse comportamento são notáveis: 37% dos apostadores afirmam ter utilizado dinheiro destinado a outras necessidades para apostar, enquanto 45% relatam ter sofrido perdas financeiras devido aos jogos, de acordo com o Instituto Locomotiva.
Impactos no comércio
O crescimento das apostas online também está afetando o comércio, uma vez que parte do dinheiro que antes era gasto em compras está sendo redirecionado para jogos de azar. A CNC observou que o comércio não está crescendo conforme o esperado, mesmo com a economia brasileira apresentando um desempenho melhor em 2024. A entidade revisou sua previsão de crescimento do setor varejista de 2,2% para 2,1%, em grande parte devido ao aumento das apostas.
Além disso, o endividamento causado pelos cassinos online também é preocupante. A CNC informou que cerca de 1,3 milhão de brasileiros ficaram inadimplentes por causa das apostas, retirando R$ 1,1 bilhão do consumo no varejo. Mesmo com a redução das taxas de juros, a inadimplência continua a crescer ao longo de 2024.
A consultoria Strategy& reforçou que muitos apostadores estão diminuindo seus gastos em outras áreas para manter o hábito de jogar, contribuindo para o aumento das dívidas.
Segundo a CNC, a situação pode piorar, com o faturamento do comércio podendo sofrer uma queda de até 11,2%, o que representa uma perda de até R$ 117 bilhões em um ano.
Fonte: BrasilDeFato
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